Dr. Paulo Pittelli - Cirurgião do Aparelho Digestivo

Doenças e Tratamentos

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Gastroplastia Bypass

O bypass gástrico ou gastroplastia em “Y de Roux” é a técnica de gastroplastia mais praticada no Brasil.

 

Veja o esquema abaixo e observe as anotações abaixo dele para entender o que acontece:

Inicialmente fazemos o grampeamento de parte do estômago (1), reduzindo drasticamente a sua capacidade. A maior parte do estômago não é retirada, mas fica fora do trânsito intestinal e, portanto, não receberá os alimentos ingeridos (2). Depois produzimos um desvio intestinal que promoverá um aumento dos níveis de hormônios que provocam saciedade, diminuindo a fome. Uma parte do intestino desviado (3) é ligado ao pequeno novo estômago e levará os alimentos que ali chegam até encontrar a outra parte do intestino (4). Os sucos digestivos que vêm do estômago excluído, das vias biliares (5) e do pâncreas através do duodeno (6) vêm pela outra parte do intestino (7) e apenas depois da anastomose (4), que é a junção entre as duas partes do intestino, é que se misturará aos alimentos e só a partir daí, é que se iniciará, de fato, a absorção dos alimentos.

 

Principais vantagens:

  • É a técnica que foi mais bem estudada e que há mais tempo é realizada;
  • A perda de peso é bastante significativa e rápida, porque é um procedimento restritivo, ou seja, que limita a quantidade de alimentos que são ingeridos e também um procedimento disabsortivo, porque uma boa parte do intestino não receberá os sucos digestivos e por isso não participará da absorção dos alimentos;
  • Nenhuma parte do estômago é retirada e por isso a cirurgia poderá ser, eventualmente, desfeita;
  • Habitualmente não causa diarreia, flatulência e fezes mal cheirosas como outras técnicas disabsortivas, como o duodenal Switch e a técnica de Scopinaro e  muito pouco utilizadas hoje em dia;
  • A colocação de dispositivos dentro do corpo do paciente não é necessária, como ocorre na banda gástrica ajustável, por exemplo;
  • É bastante efetiva no controle das comorbidades, especialmente no controle do diabetes;
  • Nos casos de pacientes com doença do refluxo gastroesofágico de difícil controle é a técnica de escolha;

 

Desvantagens:

  • Como a maior parte do estômago fica excluída do trânsito intestinal não teremos acesso endoscópico a uma boa parte do trato gastrointestinal superior;
  • Por este mesmo motivo, muitas das substâncias e vitaminas que são absorvidas no estômago, no duodeno e no jejuno proximal precisam ser repostas por suplementação;
  • Pacientes que fizeram bypass e depois tiveram coledocolitíase (pedras da vesícula que migraram para o interior das vias biliares), não poderão receber o tratamento endoscópico, que se chama CPRE (colangiopancreato endoscopia retrógrada) e provavelmente necessitarão de uma cirurgia mais complexa.
  • Mais comum haver anemia (deficiência de ferro) e deficiência de vitaminas (B12, tiamina, vitamina D e cálcio) nesta técnica;
  • É tecnicamente mais complexa do que a banda gástrica e a gastroplastia vertical (sleeve);
  • Bastante segura, mas tem uma porcentagem de complicações um pouco maior do que a gastrectomia vertical;
  • Nesta técnica é mais comum o paciente apresentar a síndrome de Dumping;
  • Precisa de um segmento multidisciplinar muito bem feito no pós-operatório, especialmente no segmento a longo prazo;
  • Diferentemente do Sleeve, aqui pode ocorrer a hérnia interna ou hérnia do espaço de Petersen, que é quando há a passagem de um segmento ou quase todo o intestino por um espaço que é criado artificialmente por este procedimento cirúrgico e que pode surgir depois do paciente perder bastante peso;

 

É a técnica de escolha quando realizamos a Cirurgia Metabólica, que é a cirurgia para tratar o diabetes. Leia mais sobre isso aqui.

 

Síndrome de Dumping

A Síndrome de Dumping é uma condição que acontece em alguns pacientes que foram submetidos a gastrectomias, que são cirurgias com ressecções parciais ou completas do estômago. Por isso também acontece nas cirurgias bariátricas onde há algum tipo de ressecção gástrica e ocorre basicamente por causa do rápido esvaziamento gástrico.

Existe a Síndrome de Dumping precoce, que acontece após alguns minutos da refeição e é causada pela passagem rápida de alimentos com alta concentração de açúcares e gorduras para a parte proximal do intestino. O alimento que é hiperosmolar faz com que haja a transferência de líquidos dos vasos sanguíneos para o interior das alças intestinais, causando distensão e contrações do intestino. Os sintomas podem ser mal estar, náuseas, vômitos, rubor, sudorese e diarréia.

Já a Síndrome de Dumping tardia ocorre após pelo menos uma ou duas horas após a refeição e acontece porque a presença do alimento hipercalórico no intestino provoca um aumento exagerado da secreção de insulina, o que por sua vez resultaria em hipoglicemia. O paciente pode sentir dificuldades de concentração, sudorese e taquicardia, pode haver queda da pressão arterial e até mesmo desmaios.

Poucos pacientes apresentam a Síndrome de Dumping, mas quando ela ocorre é muito mais comum nos pacientes de bypass. O tratamento é feito basicamente com orientação dietética e comportamental.