Dr. Paulo Pittelli - Cirurgião do Aparelho Digestivo

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O câncer colorretal está aumentando em indivíduos mais jovens

A American Cancer Society desde o ano passado (2018) vem sugerindo que o rastreamento do câncer colorretal seja iniciado já aos 45 anos de idade, mesmo em pessoas sem fatores de risco aumentado para a doença, como as que possuem antecedentes familiares, por exemplo.

A recomendação que era de se iniciar o rastreamento aos 50 anos, agora é aos 45 anos, bem diferente do que vemos na prática aqui no Brasil, onde comumente as pessoas torcem o nariz quando falamos na necessidade de se fazer uma colonoscopia e onde o mais provável é que passem a vida toda sem realizar este exame.

Apesar da Sociedade Brasileira de Coloproctologia definir como recomendação atual que pessoas sem histórico de câncer colorretal na família devem procurar o coloproctologista a partir dos 50 anos, em publicação no seu site já assume que também vai antecipar a recomendação para 45 anos. Também sugere que se houver casos na família, esse acompanhamento deve ter início 10 anos antes da idade do diagnóstico familiar.

Há publicações interessantes no Medscape e no WebMD que tratam do mesmo assunto e você pode conferi-las aqui e aqui, se tiver interesse. Eu mesmo já chamei atenção sobre isso em um post entitulado de ‘Março Azul Marinho”, que é o mês onde alertamos sobre a prevenção do Câncer Colorretal. Você pode também pode rever a publicação neste link.

Muitos artigos de revistas renomadas e sérias têm mostrado um aumento significativo na incidência do câncer colorretal em indivíduos cada vez mais jovens em várias partes do mundo ocidental e é sobre isso que eu quero chamar a atenção aqui. 

 

E porque isso está ocorrendo?

Ninguém sabe ao certo, mas acredita-se que a obesidade seja um dos fatores mais importantes, assim como o sedentarismo, o consumo de álcool e a mudança nos nossos hábitos alimentares nas últimas décadas. Este estilo de vida moderno onde consumimos muitos alimentos processados, muita carne vermelha, muita gordura e poucas fibras, grãos, legumes, verduras e frutas, talvez seja um dos fatores mais determinantes nesse fenômeno.

 

Incidência é muito alta

O câncer colorretal é a terceira neoplasia com maior incidência no Brasil, é o segundo câncer mais frequente em mulheres e o terceiro entre os homens. 

  • Estimativa de novos casos: 36.360, sendo 17.380 homens e 18.980 mulheres (2018 – INCA)
  • Número de mortes: 16.697; sendo 8.163 homens e 8.533 mulheres (2015 – Atlas de Mortalidade por Câncer)

Fonte: INCA

 

E o que deve ser feito, na prática?

Inicialmente é preciso haver a conscientização das pessoas e até dos médicos para que o rastreamento do câncer colorretal seja feito de maneira rotineira, assim como fazemos com o câncer de próstata nos homens e alguns tipos de câncer nas mulheres (mama, ovários, endométrio).

Todo mundo sabe que desde cedo é preciso ir ao ginecologista para fazer o exame de Papanicolau, sabe que precisa fazer mamografia, ultrassonografia pélvica e de mamas, mas quantas vezes seu médico pediu exames para a pesquisa e o rastreamento do câncer colorretal? Infelizmente isso ainda não faz parte da rotina de boa parte dos médicos por aqui.

O rastreamento do câncer colorretal se faz através da colonoscopia ou da pesquisa de sangue oculto nas fezes.

Não existe ainda nenhum ensaio clínico randomizado e publicado em revista científica que defina claramente se esses métodos são equivalentes ou não na prevenção do câncer colorretal. 

Na Europa, assim como no Brasil, há muita resistência na realização da colonoscopia, principalmente entre os homens e, talvez por isso, mais exames de pesquisa de sangue oculto nas fezes têm sido feitos, em detrimento da colonoscopia. 

Aparentemente a diferença está na capacidade que a colonoscopia tem em detectar pólipos menores e, portanto, em fases mais iniciais, mas ambas parecem ter sensibilidade semelhante na detecção precoce do câncer colorretal.

Se o teste de sangue oculto nas fezes for positivo é imprescindível a realização da colonoscopia!

 

Pacientes assintomáticos

Lembre-se de que quando falamos em profilaxia, estamos falando de pacientes sem sintomas. Quem esteja apesentando qualquer dos sintomas abaixo deve procurar um especialista imediatamente para uma adequada investigação:

  • sangramento anal;
  • muco nas fezes;
  • anemia, emagrecimento e fraqueza sem causa aparente;
  • sensação de evacuação incompleta;
  • afilamento das fezes;
  • alteração do hábito intestinal recente para diarreia ou para constipação, que não melhora em algumas semanas;

 

Chance de cura também é muito grande

É preciso lembrar que o câncer colorretal se inicia com um pequeno pólipo que leva alguns anos para se degenerar e se transformar no câncer propriamente dito. É nesse intervalo de tempo que conseguimos retirar os pólipos através da colonoscopia e resolver o problema, antes mesmo dele ocorrer. 

Nestes casos a chance de cura é de 100% e nos casos de câncer colorretal inicial é bem próxima disso, mas aqui podem ser necessários tratamentos complementares, como a cirurgia para a ressecção do segmento intestinal onde o câncer está localizado, por exemplo, mesmo que já tenha sido retirado pela colonoscopia.

 

Onde ler mais

Leia mais sobre pólipos do intestino grosso aqui e se quiser mais informações sobre o câncer colorretal, clique aquiNo nosso blog há publicações específicas sobre colonoscopia e pesquisa de sangue oculto nas fezes. Já o link sobre a recomendação de rastreamento do câncer colorretal da American Cancer Society está aqui.

Boa leitura e alerte seus familiares da necessidade e dos benefícios do rastreamento do câncer colorretal!