Dr. Paulo Pittelli - Cirurgião do Aparelho Digestivo

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Reganho de peso pós bariátrica

A cirurgia bariátrica é um método seguro e eficaz para o tratamento da obesidade, mas engana-se quem acredita que a cirurgia isoladamente resolve o problema. O tratamento definitivo deve envolver mudanças de hábitos e de atitudes e o entendimento de que, após o procedimento cirúrgico, ainda há um longo caminho pela frente.

Por isso, hoje eu quero chamar a atenção para um problema que pode acontecer com os pacientes que se submetem a uma cirurgia bariátrica e que independe da técnica escolhida: o temido REGANHO DE PESO.

 

Conceitos

Com o tratamento cirúrgico é esperada a redução de pelo menos 50% do excesso de peso. Um pequeno ganho de peso (entre 5% e 10%) após os primeiros dois anos é considerado normal e acontece em até metade dos pacientes, mas deve ocorrer de forma lenta e sem repercussões clínicas e é isso o que chamamos de REGANHO DE PESO. Quando o paciente volta a ganhar peso e ultrapassa aqueles 50%, conceitualmente teremos a RECIDIVA DA OBESIDADE. Também consideramos recidiva quando o paciente volta a ganhar 20% do peso que tinha antes da cirurgia, associado ao retorno das comorbidades, ou seja, quando as doenças que já estavam controladas, como a hipertensão, o diabetes, a apneia do sono ou a esteatose, voltem a se manifestar.

 

Lua-de-mel

Este é o nome do período que compreende os primeiros 18 meses após a realização da cirurgia bariátrica. Tem esse nome porque é uma fase em que a imensa maioria dos pacientes está muito satisfeita com o procedimento cirúrgico. Há uma perda de peso importante neste período (na verdade quase todo o peso que o paciente vai perder com a cirurgia acontece aqui), há uma enorme satisfação com a questão da imagem do paciente, que passa a receber elogios, fica de bem com o espelho e com o seu guarda roupas, está mais disposto a fazer exercícios, a sair de casa e também costuma seguir à risca as recomendações dietéticas.

 

Por que a recidiva acontece?

Depois do período de lua-de-mel começa uma nova etapa do tratamento, quando o peso se estabiliza e é comum que o paciente se sinta mais confortável para não seguir tão à risca as orientações. É aí que mora o perigo! São diversos os motivos que podem provocar a recidiva: distúrbios metabólicos, psicológicos, perda do foco no tratamento, abandono da equipe multidisciplinar ou quando o paciente adquire hábitos incompatíveis com o emagrecimento a longo prazo.

 

O que fazer?

Se você fez uma cirurgia bariátrica e está apresentando reganho de peso, retome imediatamente o segmento com a equipe multi-disciplinar (cirurgião bariátrico, endocrinologista, psicólogo, nutricionista, fisioterapeuta e profissionais de educação física). Existe a possibilidade de um novo procedimento cirúrgico em alguns casos (o sleeve pode ser convertido no bypass ou se for o caso podemos retirar a banda gástrica e a realizarmos o bypass, por exemplo). Há também a possibilidade de se tentar o plasma de argônio, que diminui o calibre da anastomose nos casos de bypass e as cirurgias endoscópicas, ainda com resultados limitados como tratamento exclusivo para a obesidade, mas aparentemente uma alternativa promissora no reganho de peso.

Atenção para o meu conselho: faça tudo o que puder para não apresentar recidiva, porque o resultado do tratamento é pouquíssimo efetivo na maioria dos casos!

 

Por toda a vida

Insisto sempre na questão de que o maior problema com a cirurgia bariátrica é que muitos pacientes deixam de fazer o acompanhamento multidisciplinar com o passar do tempo. Param de fazer exercícios e de tomar as vitaminas (que é importante no caso das cirurgias disabsortivas) e passam a se portar como se não tivessem sido operados. É evidente que falo aqui apenas de uma parcela dos pacientes, mas é incrível como isso realmente acontece e acredite, vejo alguns pacientes assumindo esta postura, mesmo antes do primeiro ano de cirurgia.

Aproveito para dizer que o segredo do sucesso não está em adquirir pacotes caros para acompanhamento multidisciplinar apenas nos primeiros seis meses de cirurgia, mas em fazer o acompanhamento com profissionais capacitados, de forma regular e responsável, pelo resto da vida.

 

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