Dr. Paulo Pittelli - Cirurgião do Aparelho Digestivo

Blog

Você esta lendo: Complicações mais comuns da gastroplastia

Complicações mais comuns da gastroplastia

Existem várias complicações que podem ocorrer durante o procedimento cirúrgico e outras que podem ocorrer algum tempo depois de uma cirurgia bariátrica. A ideia aqui não é assustar, mas sim informar! Na verdade as complicações são bastante incomuns e a gastroplastia é considerada uma cirurgia bastante segura, mas faz parte do jogo conversar sobre os problemas e vou procurar mostrar aqui as principais complicações que podem ocorrer:

 

  • Pneumonia
  • Atelectasia (que acontece quando uma parte do pulmão não se expande adequadamente)
  • Sangramentos intestinais ou intracavitários
  • Obstrução intestinal por aderências
  • Hematomas e infecções de feridas operatórias
  • Hérnias incisionais (raro nas laparoscopias, mas muito comum nas cirurgias convencionais)
  • Hérnia interna (complicação tardia onde ocorre a migração de parte do intestino delgado por um orifício que se forma quando o paciente emagrece muito após a cirurgia de derivação ou bypass, podendo causar apenas obstrução intestinal, mas em casos mais graves isquemia e necrose intestinal)
  • Estenose da anastomose (que pode ocorrer mais comumente nas primeiras 4 a 6 semanas de pós-operatório no bypass e que habitualmente é facilmente resolvida com tratamento endoscópico sem necessidade de internação)
  • Cálculos na vesícula
  • Cálculos renais
  • Alterações metabólicas como desnutrição, anemia, deficiência de vitaminas e queda de cabelo
  • Fezes de odor fétido e diarreia também são possíveis dependendo do técnica cirúrgica escolhida (duodenal switch e cirurgias de scopinaro)
  • Embolia pulmonar que ocorre quando há a formação de um coágulo nas veias das pernas e que posteriormente migra para os pulmões, impedindo a respiração adequada do paciente. É uma condição rara por causa dos cuidados que são tomados hoje em dia, como o uso de meias elásticas e anticoagulantes no intra e no pós-operatório e os massageadores que usamos nas pernas do paciente durante a cirurgia. O tempo cirúrgico diminuiu muito nos últimos anos com os procedimentos laparoscópicos e com a maior capacitação da equipe cirúrgica, o que também favoreceu para a diminuição da incidência da embolia pulmonar. Porém, quando a embolia pulmonar acontece, geralmente trata-se de situação preocupante, que em alguns casos pode até ser fatal.
  • Fístula da linha de grampeamento é outra temida complicação das gastroplastias e pode ocorrer nas primeiras três semanas de pós-operatório. Trata-se de vazamento nas linhas de grampeamento do estômago ou nas anastomoses, que são as junções entre o coto do estômago e o intestino grampeado. O tratamento pode ser feito apenas com internação, jejum e antibióticos, mas pode ser necessário novo tratamento cirúrgico (geralmente uma laparoscopia) para correção da fístula, limpeza da cavidade e drenagem da mesma. O tratamento endoscópico com ou sem colocação de próteses também pode ser considerado. O mais importante é o diagnóstico precoce e a pronta internação para que as medidas adequadas sejam tomadas.

Lembre-se: o risco de morte numa cirurgia bariátrica realizada num hospital com recursos e por uma equipe experiente é muito baixo e comparável a cirurgias mais comuns, como uma cesariana ou a retirada da vesícula biliar, por exemplo. As complicações cirúrgicas de fato existem e, apesar de raras, é dever do médico informá-las aos seus pacientes.  Este é o intuito deste post.

Se ainda tiver dúvidas, pergunte tudo ao seu médico antes do dia da internação. Não tenha vergonha de levar uma lista de perguntas por escrito para que você não se esqueça de nada. Só quando tudo estiver bem esclarecido é que será possível ter uma internação tranquila.

 

Leia mais sobre Cirurgia Bariátrica aqui