Dr. Paulo Pittelli - Cirurgião do Aparelho Digestivo

Doenças e Tratamentos

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Apendicite Aguda

O que é o apêndice e para que serve?

Apêndice cecal é uma estrutura em forma de tubo, em geral tem de 6 a 12 cm de comprimento, menos de um centímetro de espessura, termina em fundo cego como um dedo de luva e fica localizado no ceco, que é a parte inicial do intestino grosso.

Não se sabe ao certo qual é a sua função e parece se tratar do resquício de uma estrutura linfática que teria perdido sua função durante a evolução humana.

A apendicite aguda é a inflamação do apêndice cecal, também chamado de apêndice vermiforme.

Por que acontece a apendicite?

A apendicite aguda geralmente ocorre quando há obstrução da luz do apêndice por material fecal (fecalitos), mas a obstrução pode mais raramente ocorrer por causa de tumores, por vermes e pelo aumento do tecido linfático do próprio apêndice. Essa obstrução causaria a proliferação bacteriana excessiva dentro do apêndice com formação de gases e aumento da pressão e, eventualmente, ruptura da sua parede com o extravasamento de fezes para dentro da cavidade abdominal. Isso pode causar um processo inflamatório e infeccioso importante da cavidade peritoneal, o que chamamos de peritonite.

 

Quais são os sintomas?

Classicamente os sintomas mais comuns são mal estar e dor na região do epigástrio, que é o que popularmente chamamos de boca do estômago, é muito comum haver perda de apetite, pode haver náuseas e vômitos e menos comumente ocorrer a evacuação de fezes um pouco mais amolecidas que o normal, mas em pequena quantidade. Posteriormente a dor se localiza do lado direito e inferior do abdome e pode ter forte intensidade. O tempo em que isso ocorre é muito variável e é comum nos depararmos com quadros clínicos muito diferentes do que foi descrito, o que torna o diagnóstico de apendicite aguda sempre um desafio.

Febre não é comum, mas quando acontece, geralmente não é febre alta.

Um dos fatores que dificulta o diagnóstico é a automedicação. O uso de antiinflamatórios e antibióticos pode mascarar o quadro clínico e fazer com que o paciente procure atendimento tardiamente, por isso fique atento!

 

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico da apendicite aguda é inicialmente baseado na história clínica e no exame físico, que muitas vezes pode mostrar dor localizada na fossa ilíaca direita (no lado direito e inferior do abdome), apatia e eventualmente sinais de irritação peritoneal e de sepse. Exames laboratoriais são pouco específicos, mas geralmente encontramos aumento dos leucócitos no hemograma, também podendo haver alterações no exame de urina que simulem infecção urinária.
A ultrassonografia de abdome pode definir o diagnóstico, mas às vezes, pode ser inconclusiva, pelo pouco tempo de evolução da doença, obesidade do paciente, pela ausência de jejum e pela falta de  preparo intestinal.

A Tomografia de abdome é um exame muito útil, mas também tem suas limitações, principalmente nos casos onde não é feito o uso de contraste. Isso pode ocorrer por causa de alergias ou do uso de alguns medicamentos pelo paciente, o que demandaria um preparo antes do exame de horas ou até de dias em situações especiais. A laparoscopia diagnóstica é o método pelo qual o médico passa uma pequena câmera pelo umbigo do paciente que tem que ser anestesiado (anestesia geral), mas permite a visualização direta do apêndice e o diagnóstico diferencial com outras patologias como infecção ou inflamação das tubas, dos ovários e do útero, doença de crohn, diverticulite de ceco, diverticulite de meckel, endometriose, ruptura de cistos ovarianos e gastroenterocolites infecciosas, entre outros.

 

Qual é o tratamento?

O tratamento da apendicite aguda requer hospitalização, o uso de antibióticos e é sempre cirúrgico, podendo ser realizado da forma convencional e por laparoscopia (apendicectomia laparoscópica), que é o método de escolha quando está disponível. O desafio no tratamento é fazer o diagnóstico e a cirurgia o mais precocemente possível, evitando a evolução da apendicite aguda para casos de peritonite e sepse. O tempo de hospitalização pode variar de menos de 24 horas nos casos iniciais e em pacientes hígidos a vários dias, nos casos onde já há pus e fezes na cavidade, nos pacientes mais debilitados, mais idosos e com doenças crônicas degenerativas.

 

Atenção, a apendicite aguda pode levar à morte de pacientes quando não tratados de forma adequada, por isso, se você tem dor abdominal como descrito acima, procure logo atendimento médico e não tome medicamentos por conta-própria!